terça-feira, 20 de janeiro de 2015

O retorno do Blog Além do RH e a hipocrisia de uma presidenta

Eu e Luizinho na Praça Monsenhor Teófilo Saez
 em Campos Gerais/MG
Estou afastada do Blog Além do RH há um ano e por um motivo triste: Há um ano atrás, perdi meu único irmão.

Essa perda mexeu muito comigo, ao ponto de me fazer perder a inspiração para muitas coisas, entre elas escrever. Por isso, o blog não estava sendo atualizado com frequência. Por vezes, cheguei até a tentar voltar, mas simplesmente não conseguia, travava.

Enfim, precisava de um tempo para mim, para refletir sobre a vida e seu sentido... e respeitei esse meu momento, que só eu poderia e deveria: vivenciar o luto.

A morte é uma daquelas circunstâncias da vida que todos nós, mais cedo ou mais tarde, vivenciaremos. Fatalmente, em algum  momento na vida alguém perderá algum ente querido, algumas pessoas estão mais preparadas que outras, mas sempre há sofrimento, seja pela dor da perda, seja pela saudade e falta que essa pessoa fará. 

Mas o que aconteceu com meu irmão, acredito que poucos estejam preparados: para o suicídio.

Ele era lindo, mais novo que eu - tinha 31 anos, uma vida inteira pela frente, era graduado em Computação e atuava como Analista de Sistema, mas convivia com uma doença que assola a humanidade e destrói famílias e vidas: a dependência química.

Meu irmão desde muito cedo, sofreu com essa maldita dependência química. Somos frutos de uma família desestruturada pelo alcoolismo de nosso pai e pelo falecimento precoce de nossa mãe, que teve um AVC aos 44 anos e quando meu irmão tinha apenas 11 anos e eu 16.

Tive que terminar de criar meu irmão e com isso amadurecer muito cedo, mas infelizmente os meus cuidados não foram suficientes para amenizar a dor causada pelos problemas em nossas vidas e; devido à ausência das figuras paterna e materna aliada às más companhias, ele conheceu a maconha muito cedo e depois, a cocaína.

Muito embora meu irmão lutasse muito para viver bem e limpo, trabalhando, estudando, ele não tinha força suficiente para se livrar dessa dependência.
Ele tentou muito, mas sucumbiu ao desespero e resolveu por fim ao seu sofrimento. E hoje, reflito em quantos excelentes profissionais não encontram-se na mesma situação neste vasto mercado de trabalho?

Sofro por sua decisão em tirar sua própria vida, mas respeito essa definitiva decisão e não o julgo, pois eu não estava dentro de seu peito para fazer ideia de seu sofrimento, sua dores e seus dilemas. 

Sabe a parábola de calçar o sapato do outro, para conhecer os caminhos percorridos por ele? Então, não podemos calçar esse sapato... 
Então não cabe julgar a vida de ninguém.

Por isso mesmo, acho uma tremenda hipocrisia da nossa Presidenta Dilma, interceder por um traficante. Não entro na seara da pena de morte imposta, mas contesto a atitude de uma Chefe de Estado que não cuida dos cidadãos de seu pais como deveria, ou com a mesma energia demonstrada na defesa do traficante internacional de drogas, Marcos Archer.

Não o julgo por suas decisões, mas não acredito ser uma postura correta uma presidente de uma nação peça clemência por um traficante, que tinha consciência do rumo e das opções equivocadas que tomara para si quando se dispôs a traficar drogas pelo mundo.

Sei que o Blog Além do RH tem como foco: o mercado de trabalho, mas não poderia deixar de compartilhar essa experiência que venho vivendo com meus leitores para justificar minha ausência. 

Aproveito para compartilhar aqui e o texto que escrevi no sábado em meu Facebook e para marcar meu retorno ao Blog Além do RH:

"Quanta hipocrisia!!!!
A sra. presidenta Dilma em sua ação humanitária, ligou para o presidente da Indonésia pedindo clemência para o brasileiro que será executado por condenação ao crime de tráfico internacional de drogas por ter sido flagrado tentando entrar naquele país com 13k de cocaína.

Gostaria que ela tivesse a mesma "sensibilidade", a mesma "disposição", a mesma "energia" e a mesma "humanidade", para:
1) implorar aos legisladores brasileiros que "legislem" mais em pro...
l do povo brasileiro, que não desviem dinheiro público, que tenham mais consciência com os gastos; que não legislem apenas em causa própria, que pensem mais no cidadão e menos na politicagem podre a que somos submetidos diariamente.
2) implorar que o código penal seja atualizado para coibir as atrocidades e violência que assistimos diariamente, implorar que o sistema carcerário tenha mais unidades prisionais e que a justiça seja mais justa e não liberte criminosos perigosos e especialmente reincidentes, que acabe com os benefícios das "saidinhas" e que os crimes de morte no trânsito sejam mais rigorosos.
3) fazer algo de concreto, para que as fronteiras sejam monitoradas para que não entre armas e drogas.
4) fazer algo para que o Brasil deixe de ter uma sociedade violenta e que possamos deixar de estar no topo do ranking da violência no mundo, acima de países em guerra ou com atuação de terroristas.
Sabe, dona Dilma, a senhora tem muita disposição para interceder por um criminoso, adulto, que sabia o que fazia ao cometer um crime, que deve se responsabilizar por suas escolhas. E que de acordo com seus amigos, era consciente de que na Indonésia as leis são duras e que lá, diferente daqui, as leis são respeitadas. O que reina no Brasil é a impunidade, pois nossas leis são frágeis e cheias de brechas e não há sinalização para mudanças do código penal.

A senhora, dona Dilma, já teve em sua família alguém com problemas com drogas? Tem ideia do mal que um traficante pode causar?

A senhora apela por um criminoso, um traficante que ajuda a destruir famílias, mas deixa os cidadãos brasileiros à mercê! Fica a pergunta que vale a reflexão: Somos menos cidadãos que este criminoso?

por Simoni Aquino, uma cidadã honesta de 37 anos que espera um país mais justo e menos violento, irmã de um suicida que deu fim à sua própria vida por causa das drogas, que esses traficantes espalham mundo a fora."

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Idealizadora e escritora do Blog Além do RH

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